Esse estado é o que a Psicologia Transpessoal denomina estados holotrópicos : estados de consciência nos quais a capacidade de conscientização da realidade ( seja a de si ou a do exterior ) se amplia significativamente, trazendo para o campo da consciência do ego pessoal o desenho de um mundo mais rico e complexo do que o comumente percebido, com o que a pessoa vê alargar em muito o conjunto de dados a partir dos quais toma decisões.
Como o psiquiatra Stanilav Grof registra em sua obra Além do cérebro, em estados alterados de consciência “... é bastante comum se verificarem episódios quase concretos e realísticos de memória fetal e embriônica; muitos sujeitos relatam vívidas sequências, a nível da consciência celular, que aparentam refletir sua existência sob a forma de esperma ou óvulo no momento da concepção. Algumas vezes a regressão parece aprofundar-se mais e o indivíduo tem a convicção de estar revivendo lembranças da vida de seus ancestrais ou mesmo se aproximando do inconsciente coletivo e racial. Alguns outros fenômenos transpessoais envolvem a transcendência de barreiras espaciais em vez de barreiras temporais. Pertencem a este campo as experiências de fusão com outra pessoa, num estado dual ou de identificação completa com o outro sem perda da própria identidade, sintonização com a consciência de um grupo inteiro de indivíduos ou expansão da própria consciência a ponto de parecer incluir toda a humanidade.
Outro fenômeno relacionado com a transcendência das limitações espaciais comuns é a consciência de certas partes do corpo – vários órgão, tecidos ou mesmo células individuais. Uma importante categoria de experiências transpessoais, envolvendo transcendência de tempo e / ou espaço, são os variados fenômenos de experiência extra-sensorial ( PES ), tais como experiências fora do corpo, telepatia, premonição, clarividência, clariaudiência e viagem através do tempo e do espaço.
Outro aspecto a discutir é o encontro tão frequente entre os fenômenos do psiquismo mais profundo e as vivências humanas. Com o passar dos anos e o avanço das pesquisas psicológicas, cada vez mais a ciência tem se interessado pelo que sempre foi chamado de “espiritual” e atribuído à existência de seres do “astral” ou de outras dimensões da realidade. Já não se pode mais, assim, afirmar taxativamente que tais vivências humanas são alucinações ou, de outro lado, “prova viva da existência de tais seres e dimensões”; mais prudente seria adotar a postura de viver a experiência e depois, somente depois, atribuir-lhe este ou aquele valor. | ||
De qualquer maneira, seja uma coisa ou outra, o contato consciente com tal possibilidade de vivência aumenta em muito a capacidade do ser humano se harmonizar consigo mesmo e com o mundo à sua volta, retornando gradativamente a um estado de equilíbrio que em alguma medida e por inúmeras razões já se comprometeu. Tal justaposição entre psiquismo e espiritualidade sempre fez, contudo, com que as práticas xamânicas de cura se revestissem de alguma ritualística religiosa, fosse ela composta com símbolos indígenas, africanos, orientais ou mesmo cristãos. |
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