FÍSICA QUÂNTICA E O NOVO INCONSCIENTE - PROCESSAMENTO INCONSCIENTE

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A idéia de que somos guiados a nível consciente por um processamento a nível inconsciente tem motivado pesquisas na área das neurociências. Hoje temos oportunidade de estudar a matéria da consciência laboratorialmente através da ressonância magnética funcional, dentre outros. Conseguimos identificar os circuitos e redes neurais envolvidos nas experiências do dia a dia. Antigamente, alguns desses aspectos eram atribuídos ao inconsciente, através das explicações da teoria do inconsciente dinâmico de Freud e que não podia ser verificada pela ciência. Hoje as coisas mudaram. O novo inconsciente torna-se verificável de maneira objetiva e aspectos da psique começam a ser foco de estudos científicos. Ter a oportunidade de associar esses novos conhecimentos com os princípios da física quântica é uma oportunidade ímpar. Sabemos que a realidade de qualquer objeto no Universo está em dois domínios: possibilidades e fato manifesto. Fato manifesto associado ao comportamento de partícula da matéria e ao processamento consciente da consciência. Possibilidades associada ao comportamento de onda da mesma matéria e ao processamento inconsciente da consciência.
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É interessante refletirmos sobre os processamentos consciente e inconsciente. Esse processamento pode ser serial (realizado em série, com uma etapa de cada vez) ou paralelo (com muitas operações ocorrendo simultaneamente). Pesquisadores sugerem que o processamento consciente seja o serial e o inconsciente seja um processamento em paralelo. Outro conceito importante é a chamada memória de trabalho. Temos a capacidade de guardar diversos trechos de informações e mantê-las na mente por um período. Essa memória de trabalho, antigamente chamada de memória de curto prazo, permite que as informações sejam ativadas sobre nossas experiências anteriores (memória de longo prazo). Processos psicológicos subjacentes à memória de trabalho como atenção e raciocínio estão fortemente relacionados. Memória e percepção. Aqui há uma circularidade e ambas são co-dependentes, ou seja, a memória exige percepção e a percepção exige memória. Esse paradoxo só é resolvido com o principio da hierarquia entrelaçada da física quântica onde o verdadeiro poder causal esta fora do sistema: corpos sutis (campos morfogenéticos) e consciência – base de tudo. Se admitirmos que a consciência escolhe simultaneamente e instantaneamente ambas as possibilidades: percepção e memória, esse paradoxo deixa de existir. Vamos adiante em nosso “mergulho” no novo inconsciente.
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Para termos uma opinião sobre uma determinada experiência, mecanismos que relacionam memória de trabalho do córtex pré-frontal com mecanismos inibitórios de outras regiões são utilizados de forma relevante. Se você é questionado sobre uma determinada ponte, por exemplo, o sujeito ativa representações sobre local (córtex parietal), forma (córtex temporal inferior) e cor ( córtex temporal e occipital). É necessário que haja uma inibição de uma série de informações que são ativadas na busca dos dados relevantes, o que demonstra o papel do córtex pré-frontal na filtragem e seleção do material que é utilizado na construção de representações mentais conscientes. Um diálogo entre duas pessoas discutindo sobre suas impressões sobre a constituição de uma ponte poderia ser assim: – A ponte é de concreto!; – Não, a ponte é de ferro! Para se emitir uma opinião, todos os mecanismos anteriores ocorrem para se formar essa opinião sobre a característica da ponte. Complexo? Um pouco. Mas o novo inconsciente assim estuda qualquer experiência humana, principalmente em nossa tomada de decisões.
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Agora, vamos aprofundar um pouco mais com os conceitos da física quântica. Recordando que estamos em um processo criativo de evolução. Fazemos escolhas e dessas escolhas criamos a nossa realidade. Não há um mundo “lá fora” a ser descoberto ou repleto de dados prontos, o universo é co-participativo. Participamos com a nossa capacidade de escolhas. O mundo da matéria fornece as possibilidades. Um elétron, um próton, ou neutron, ou seja, o modelo atômico que temos para representar a realidade concreta tem um comportamento dual. Onda e partícula. Essa dualidade nos fornece a incerteza, a probabilidade e com ela as possibilidades. Um elétron é uma onda de possibilidade. A realidade do elétron possui dois domínios: possibilidade (onda) e fato manifesto (partícula). Nosso cérebro é composto por 100 bilhões de neurônios e uma infinidade de possibilidade de conexões. As células neuronais são constituídas por moléculas que por sua vez são constituídas por átomos que advém das partículas elementares que estão “mergulhadas” em um campo fundamental (Campo do Ponto Zero) que guarda uma interconexão entre todas essas partículas elementares. Essa compreensão é maravilhosa e libertadora. O corpo físico faz representações do sutil. Assim ocorre com o cérebro. Falar do processamento inconsciente faz-nos lembrar dos arquétipos supramental de Jung. Na vida, temos um propósito. Vejamos adiante.
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Essa matéria que constitui nosso cérebro permite a expressão da nossa essência, isto é, da consciência. Já discutimos em outras oportunidades que há campos de organização sutis – campos morfogenéticos – capazes de coordernar e organizar a forma. Assim ocorre também com o nosso cérebro e seus 100 bilhões de neurônios. Esses campos e modelos organizadores da forma estão contidos dentro do nosso corpo vital. O movimento da energia vital dentro desses campos morfogenéticos está sendo simultaneamente criado pela consciência através das escolhas já realizadas durante os evos da evolução. Sim, temos hábitos e condicionamentos. As escolhas são condicionadas. Por enquanto, pois podemos ser criativos e escolher além do condicionamento habitual. Criar o novo, isto é, um novo comportamento resultado do insight da criatividade. O ah-ha criativo! A evolução da consciência é criativa. A criatividade envolve processamento inconsciente. Um processamento em paralelo com várias superposições de possibilidades. A evolução da forma obedeceu a esse critério, isto é, sempre direcionado do simples para o complexo. A evolução obedece a um propósito, ao contrário do que pensam os cientistas materialistas darwinistas e neodarwinistas que colocam que o que somos atualmente é conseqüência da aleatoriedade e acaso. Sobrevivência e necessidade. Únicos critérios da evolução gradual fornecida pela seleção natural. Antes que os críticos de plantão se manifestem, também aceito a idéia da seleção natural quando ela é utilizada para explicar a evolução lenta e gradual. Porém ela é incompleta. Necessita de uma explicação para a evolução rápida e acelerada observada de tempos em tempos. É a lacuna fóssil e descontínua. Complementar a explicação com um novo modelo de organização biológica: os campos morfogenéticos. Os genes necessitam ser informados para que a sua função seja realizada. O ligar e desligar dos genes depende do ambiente e esse ambiente é proporcionado pela consciência e seus campos sutis de influencia: corpo vital, corpo mental e corpo supramental (arquétipos).
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Por que todas essas considerações? Para contribuir com as explicações atuais do novo inconsciente. Os sentimentos são reguladores de alto nível que traduzem em linguagem consciente, todo um iceberg de processamento inconsciente, alimentando a razão superior com substrato fundamental para a formulação de planos e decisões. É como se houvesse níveis de regulação da vida já representados em nosso cérebro. O corpo físico faz representações do sutil. O cérebro faz representações do significado mental dos arquétipos do corpo supramental, pensamentos (corpo mental) e sentimentos (corpo vital). Utiliza-se nesse processo de moléculas neurotransmissoras e receptores específicos para gerar uma verdadeira “explosão” em cada sinapse. O neurotransmissor não é o pensamento, mas o representa. Um campo sutil quântico que mantém tudo interconectado e coerente está em constante transformação. O processo é dinâmico. Tomamos decisões, fazemos planos, emitimos opiniões, executamos diversas tarefas onde estão envolvidos processamento inconsciente. Para que os sentimentos tornem conscientes há uma série de regulação inconsciente que vão desde as respostas metabólicas homeostáticas, reflexos básicos, respostas da imunidade, comportamento de dor e prazer, motivações, emoções sociais, emoções de fundo, emoções primárias até que o sentimento seja representado em uma emoção consciente.
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A cada segundo, milhares de ajustes complexos estão sendo conduzidos com precisão por computação neural totalmente inconsciente envolvida nos processos alostáticos que suportam a regulação do organismo. Para permanecermos vivos é necessário um equilíbrio dinâmico com o ambiente – ajustar temperatura corporal, o nível de glicemia, a oxigenação sanguínea e inúmeros outros parâmetros fisiológicos. O termo homeostase está sendo substituído pelo termo alostase, que é mais fidedigno pois significa a capacidade de manter o equilíbrio mantendo as variações dos padrões corporais dentro de uma faixa ótima. Homeo quer dizer igual e Alos que dizer variação. Respiração, batimentos cardíacos, digestão e movimento peristáltico, liberação de hormônios e neurotransmissores, entre milhares de outras, sem qualquer participação da percepção consciente. Essa enorme quantidade de tarefas elementares à preservação da vida é delegada ao processamento inconsciente, de forma a permitir a ampliação do alcance da mente pelo processamento consciente. Estamos livres para planejar, criar e tomar decisões nunca antes tomada, permitindo cenários alternativos possíveis.
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Mais a frente, continuaremos a conversar sobre o assunto que aparentemente parece complexo, mas que traz muita satisfação e esclarecimento. Estamos em busca da clareza. Resgatamos nosso livre-arbítrio e podemos escolher. Essas escolhas ainda são limitadas por nossos hábitos e condicionamentos, mas estamos caminhando para estar cada vez mais em contato com uma Consciência Cósmica, superior a nossa consciência egóica, onde realmente reside a verdadeira liberdade de escolha.
Abraços fraternos
Milton

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CALLEGARO, Marco Montarroyos. O Novo Inconsciente: como a terapia cognitiva e as neurociências revolucionaram o modelo do processamento mental. Porto Alegre: Artmed, 2011.
GOSWAMI, Amit. Evolução criativa das espécies: uma resposta da nova ciência para as limitações da teoria de Darwin. São Paulo: Aleph, 2009.
HANSON, Rick. O Cérebro de Buda: Neurociência prática para a felicidade. São Paulo: Editora Alaúde, 2012.

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