Neurotecnologia ‘lê’ a mente e conecta cérebro
Equipamentos e softwares se fundem à máquina humana, criando sistemas que vão além dos benefícios na medicina
Os cientistas já sabem que o cérebro é a máquina mais poderosa de que se tem conhecimento, por ser ele que comanda todo o corpo. Por isso, tantos esforços são aplicados para desvendar os mecanismos de atuação da mente humana. Mas uma das mais promissoras e futurísticas linhas de pesquisa vai além. Especula-se que estamos próximos de uma revolução em que a atividade cerebral irá fundir-se aos computadores e dominar também os aparelhos.
Nesse futuro – não tão distante – controlado pela mente, a neurotecnologia usa os sinais cerebrais para comandar próteses e cadeiras de rodas, fazer ligações e pilotar helicópteros e drones, entre outras atividades. O Brainwriter, criado pela startup norte-americana Not Impossible, por exemplo, permite a qualquer pessoa com algum tipo de síndrome neuromuscular escrever e desenhar em um computador, utilizando rastreamento ocular e leitura de ondas cerebrais. A empresa estima que o produto custaria US$ 400 (R$ 1.250) e pretende deixar o passo a passo de desenvolvimento do projeto com o código aberto – ou seja, livre para ser acessado e modificado.
Já em outra pesquisa, cientistas suíços desenvolveram uma interface não invasiva capaz de “ler” o pensamento de pessoas com paralisia, tornando a comunicação possível novamente. A técnica utiliza sensores elétricos colocados na superfície do couro cabeludo. Esses dispositivos leem os sinais do cérebro e os enviam para computadores que processam os códigos e realizam tarefas, como responder perguntas.
Nessa linha de “leitores da mente”, outro exemplo de iniciativas bem-sucedidas de interface cérebro-computador – do inglês Brain Computer Interface (BCI), que estabelece a comunicação por impulsos elétricos entre o cérebro e as máquinas eletrônicas – é o uso de implantes neurais e softwares sofisticados, o que levou pesquisadores a criarem, por exemplo, o implante coclear, um minúsculo dispositivo eletrônico inserido entre o ouvido e o cérebro, para recuperar a audição.
Já o professor de neurologia da Escola de Medicina da Universidade de Washington, Eric Leuthardt também vem pesquisando um implante neural colocado no córtex motor que faz o cérebro “falar” por meio do computador. O grupo de estudo já mostrou que é possível mexer o cursor da máquina quando a pessoa fala ou pensa em um som.
Promissor. Essas são apenas algumas das promessas da neurotecnologia, área que vem crescendo especialmente nos EUA, que teve uma onda de cerca de 1.600 pedidos de patentes de tecnologias ligadas à “leitura da mente” somente em 2014.
O curioso é que a base de todas essas novidades, segundo o físico Roberto Covolan, são exames já bem usuais na medicina, como o eletroencefalograma (EEG). Mas o salto nessa tecnologia se deu com a ressonância magnética.
Os avanços estão aparecendo em relação ao tamanho dos equipamentos, cada vez mais portáteis, e na forma de medir a atividade cerebral, seja por meio de laser infravermelho, campo magnético dos neurônios ou taxa de oxigênio. “São resultados ainda tímidos, mas que mostram o caminho das pedras para outros pesquisadores tentarem explorar”, diz.
De fato, essa ciência está só no começo. “Os cérebros se conectarão à internet em 2030. Nós transcenderemos nossas limitações”, afirmou o futurólogo Ray Kurzweil, diretor de engenharia do Google, durante uma conferência de Finanças Exponenciais, em Nova York, em 2015.
Fonte:https://www.otempo.com.br/interessa/neurotecnologia-le-a-mente-e-conecta-cerebro-1.1434459
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