Cannabis medicinal ajuda no sono e diminui pesadelos, sugere estudo
No Brasil, 430 mil pessoas fazem tratamento com medicamentos à base da planta. Entenda quem pode cultivá-la em território nacional
Por Izabel Gimenez
24/11/2023 09h23 Atualizado há 9 horas
Um estudo realizado por especialistas da Universidade da Flórida, nos Estados Unidos, avaliou a eficácia do uso medicinal da cannabis no tratamento de pacientes com transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).
Segundo pesquisadores, os resultados preliminares, publicados na revista Medical Cannabis and Cannabinoids, mostraram efeitos positivos na saúde mental, no bem-estar e no sono dos pacientes, que relataram diminuição na frequência de pesadelos durante à noite.
Os efeitos foram observados entre 30 e 70 dias após o início dos testes e os voluntários e seguem a linha de outros ensaios realizados ao redor do mundo.
Na Austrália, por exemplo, um estudo divulgado Journal of Pharmacy Technology mostrou como o uso de canabinóides derivados de plantas conseguiu amenizar sintomas associados à ansiedade, depressão e fadiga.
Estima-se que 430 mil brasileiros realizam tratamentos com medicamentos à base de cannabis medicinal. O cultivo da planta, apesar de proibido por lei em território nacional, é autorizado para fins medicinais mediante aprovação judicial.
Atualmente, mais duas mil pessoas possuem habeas corpus para cultivar, processar e fabricar o próprio óleo. Seis associações canábicas também possuem autorização para fornecer o medicamento aos seus 114 mil associados.
Um levantamento recente da Kaya Mind, empresa brasileira especialista em análise de mercado do setor, mostrou que o mercado deva movimentar R$ 699 milhões em 2023, com projeção de R$ 1 bilhão para o próximo ano.
Deste total, 10% deva ser exclusivo do Sistema Único de Saúde, que fornece estes medicamentos para cerca de 90 mil pacientes.
O agrônomo Derly José Henriques da Silva enxerga a indústria do cânhamo como uma oportunidade para o Brasil, uma vez que 70% das terras estão aptas para cultivar a planta. A Cannabis sativa L., por exemplo, pode ser cultivada em rotação com soja e outras culturas, aumentando a produtividade das lavouras.
Ainda de acordo com o especialista, além dos benefícios à saúde, a espécie não é exigente com água e adubação, rende três vezes mais fibras que o algodão, usa menos químicos no cultivo e pode ser cultivada em quase todas as regiões, com exceção das quentes e úmidas.
Enquanto o Brasil ainda possui limitações judiciais para explorar o mercado nacional, nos Estados Unidos, agriculturas tradicionais como soja, milho e trigo têm sido substituídas pela erva. Segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), são 11,5 mil hectares de área plantada com cannabis nos EUA, que movimentam S$ 212 milhões.
No Estado de Oregon, irmãos brasileiros produzem 70 toneladas da variedade de hemp em 900 hectares. Ao todo, a produção gera 13,5 toneladas de óleo para fins medicinais.
“Antes de cada colheita, recebemos a visita de fiscais que colhem a planta para teste em laboratório. Se tiver mais de 0,3% de THC ou alta concentração de agrotóxico, a equipe volta à fazenda com a polícia e nos obriga a destruir toda a safra", explica o proprietário rural Rafael.
Fonte:https://globorural.globo.com/agricultura/noticia/2023/11/cannabis-medicinal-faz-bem-sono-beneficios.ghtml
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