COVID-19-: FORMA GRAVE AUMENTA RISCO DE PROBLEMAS CARDIOVASCULARES, DE SAÚDE MENTAL E INCAPACIDADES, DIZ ESTUDO

  

Paciente com a Covid-19
Paciente com a Covid-19Breno Esaki/Agência Saúde DF

Covid-19: forma grave aumenta risco de problemas cardiovasculares, de saúde mental e incapacidades, diz estudo

 

Lucas Rochada CNN

em São Paulo

11/01/2023 às 11:12 | Atualizado 11/01/2023 às 11:21

Pesquisa mostra complicações tardias na população brasileira devido à infecção em estudo que avaliou 1.508 pacientes durante um ano, após alta hospitalar

Pessoas que tiveram formas graves de Covid-19, com necessidade de internação hospitalar, apresentaram maior risco de desenvolvimento de problemas cardiovasculares, além de impactos para a saúde mental e incapacidades a longo prazo.

Os dados são de um novo estudo brasileiro publicado no periódico científico Intensive Care Medicine, da Sociedade Europeia de Medicina Intensiva. Para chegar ao resultado, pesquisadores acompanharam pacientes que receberam alta após internação por Covid-19 em instituições brasileiras pelo prazo de um ano.

Os especialistas identificaram que os quadros de maior gravidade da doença durante a hospitalização, definidos pela necessidade de ventilação mecânica, por exemplo, foram associados a impactos significativos na qualidade de vida e piores resultados nos desfechos de mortalidade, com eventos cardiovasculares maiores, novas internações, sintomas de ansiedade e estresse pós-traumático, além de incapacidades para atividades diárias e  dificuldade de retorno ao trabalho ou aos estudos.

Um dos principais achados é o alto percentual de pacientes que relataram novas incapacidades, como dificuldade de se locomover, de cuidar da própria higiene, fazer compras e administrar suas finanças. Entre os que necessitaram de ventilação mecânica, esse índice foi de 47%.

O estudo identificou que uma em cada quatro pessoas intubadas durante o tratamento precisou ser internada novamente ao longo dos 12 meses subsequentes. Além disso, 5,6% tiveram infarto, acidente vascular cerebral (AVC) ou morreram por doença cardiovascular, o dobro da taxa entre pacientes que não exigiram suporte respiratório durante a internação.

Os pesquisadores acompanharam 1.508 pacientes, internados em 84 hospitais do Brasil. Os voluntários foram classificados em quatro grupos: os que não precisaram de suporte de oxigênio; os que receberam oxigenação por meio de máscara ou cânula nasal; os que necessitaram de ventilação não invasiva ou oxigênio por cateter nasal de alto fluxo; e os que foram intubados e necessitaram de ventilação mecânica.

Os contatos para monitoramento da qualidade de vida, dos sintomas persistentes, complicações de saúde e outras doenças, foram realizados através de entrevistas telefônicas, aos três, seis, nove e 12 meses após a alta.

O estudo foi conduzido pela Coalizão Covid-19 Brasil, aliança formada por Hospital Israelita Albert Einstein, Hcor, Hospital Sírio-Libanês, Hospital Moinhos de Vento, Hospital Alemão Oswaldo Cruz, BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, o Brazilian Clinical Research Institute (BCRI) e a Rede Brasileira de Pesquisa em Terapia Intensiva (BRICNet).

A taxa de mortalidade pós-alta hospitalar nos pacientes intubados durante o tratamento foi de 8% ao longo dos 12 meses, enquanto entre os que não precisaram de suporte ventilatório era de 2%.

De acordo com os pesquisadores, a ventilação mecânica é um marcador importante de gravidade da doença e indica um grau maior de comprometimento pulmonar e de outros órgãos. A técnica, que não está associada ao dano, é um indicativo de que aquele indivíduo pode precisar de um tratamento prioritário na reabilitação.

A pesquisa também alerta para a necessidade de rastreamento dos pacientes pós-alta, devido às mortes em decorrência de complicações da doença após a internação hospitalar.

Os impactos na saúde mental também preocupam os pesquisadores. A prevalência de transtorno do estresse pós-traumático (TEPT) em pacientes que fizeram uso da ventilação mecânica foi o dobro daquela da população brasileira em geral.

Além disso, um em cada quatro apresentou sintomas de ansiedade. Os pesquisadores apontam que esse acometimento de saúde mental, somado às incapacidades físicas relatadas, está associado à redução significativa da qualidade de vida.

Fonte:https://www.cnnbrasil.com.br/saude/covid-19-forma-grave-aumenta-risco-de-problemas-cardiovasculares-de-saude-mental-e-incapacidades-diz-estudo/

 

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