NA 'IDADE DO SUCESSO'? ESTUDO BRITÂNICO APONTA 32 ANOS COMO FIM DA ADOLESCÊNCIA; ENTENDA ADOLESCÊNCIA ATÉ OS 30 ANOS E AS QUATRO FASES DO CÉREBRO DURANTE A VIDA
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Na 'idade do sucesso'? Estudo britânico aponta 32 anos como fim da adolescência; entenda
Pesquisadores de Cambridge revelam cinco eras do cérebro humano, redefinindo maturidade, aprendizado e vulnerabilidade
Por O Globo — Cambridge
27/11/2025 04h02 Atualizado há um dia
Já imaginou acordar aos 32 e descobrir que a adolescência acabou? Parece cena de De Repente 30, mas é o que sugere um estudo da Universidade de Cambridge, publicado nesta terça-feira (25) na revista Nature Communications. Pesquisadores britânicos analisaram cérebros de 3.802 pessoas de até 90 anos usando ressonância magnética de difusão, que mapeia as conexões neurais, e identificaram cinco grandes eras de reorganização cerebral ao longo da vida.
O cérebro infantil se desenvolve do nascimento até os 9 anos, quando ocorre o primeiro ponto de virada. A partir daí, inicia-se a adolescência, marcada pelo refinamento das conexões, maior eficiência cognitiva e maior risco de transtornos de saúde mental. Segundo Alexa Mousley, coautora do estudo, “a adolescência é a única fase em que a eficiência neural continua crescendo, preparando o cérebro para a vida adulta”.
Aos 32 anos, ocorre o que os pesquisadores chamam de “ponto de virada topológico mais forte” da vida. As redes neurais passam por reorganizações significativas, iniciando a fase adulta, caracterizada por estabilidade cognitiva e emocional, que se mantém sem grandes alterações por cerca de 30 anos.
Para o Correio Braziliense, Thiago Taya, neurologista do Hospital Sírio-Libanês, explicou que “na vida adulta, o cérebro já absorveu muito conhecimento, consolidou a personalidade e amadureceu emocionalmente. Mas, com o tempo, a plasticidade diminui, tornando-o mais rígido”.
Aos 66 anos, inicia-se o chamado “envelhecimento precoce”, período de mudanças graduais nas conexões neurais que aumenta a vulnerabilidade a problemas de saúde, enquanto aos 83 anos ocorre a última grande reorganização, em que o cérebro passa a depender mais de regiões específicas, com diminuição da conectividade global.
Ainda de acordo com o Correio, Marcos Alexandre Carvalho Alves, especialista em doença de Parkinson, avalia que mapear essas fases é um avanço: “Agora sabemos que o cérebro não se desenvolve de forma contínua. Identificar os momentos de reorganização ajuda a compreender quando ele está mais apto ou mais frágil, explicando o surgimento de doenças mentais em idades específicas.”
Duncan Astle, professor de neuroinformática em Cambridge, reforça que diferenças na conectividade cerebral podem prever dificuldades de atenção, memória e linguagem, ligando essas fases à saúde mental e neurológica.
Ao Correio Braziliense, Carlos Uribe, neurologista do Hospital Brasília, explicou que os achados abrem portas para pesquisas futuras. “Será possível comparar indivíduos com doenças mentais iniciadas na juventude ou estudar se mudanças cerebrais aos 66 anos podem prever demência. Estamos apenas no começo de entender como a arquitetura neural molda a vida humana.”
Fonte:https://oglobo.globo.com/saude/epoca/noticia/2025/11/27/na-idade-do-sucesso-estudo-britanico-aponta-32-anos-como-fim-da-adolescencia-entenda.ghtml
Adolescência até os 30 anos e as quatro outras fases do cérebro durante a vida, segundo novo estudo

O cérebro passa por cinco fases distintas ao longo da vida, com momentos de virada aos 9, 32, 66 e 83 anos, apontam cientistas.
Cerca de 4.000 pessoas de até 90 anos fizeram exames que mostraram as conexões entre suas células cerebrais.
Pesquisadores da Universidade de Cambridge (Reino Unido) afirmam que o cérebro permanece na fase adolescente até o início dos 30 anos, quando "atinge o auge".
Eles dizem que os resultados da pesquisa podem ajudar a explicar por que o risco de transtornos mentais e demência varia conforme a idade.

O cérebro muda constantemente em resposta a novos conhecimentos e experiências, mas o estudo mostra que esse processo não segue um padrão contínuo do nascimento à morte. Não é linear.
Segundo os autores, há cinco fases cerebrais:
- Infância - do nascimento aos 9 anos
- Adolescência - dos 9 aos 32 anos
- Vida adulta - dos 32 aos 66 anos
- Envelhecimento inicial - dos 66 aos 83 anos
- Envelhecimento avançado - dos 83 anos em diante
"O cérebro se reconecta ao longo da vida. Ele está sempre fortalecendo e enfraquecendo ligações, e isso não ocorre de forma constante — há oscilações e fases de reconexão", explica à BBC a pesquisadora Alexa Mousley.
Algumas pessoas chegam a essas etapas antes ou depois, mas os pesquisadores afirmam que chama atenção o fato de essas idades se destacarem de forma nítida nos dados.
Esses padrões só agora aparecem devido ao volume de exames cerebrais reunidos no estudo, publicado na revista científica Nature Communications.

As cinco fases do cérebro
Infância - O primeiro período é marcado pelo rápido crescimento do cérebro e pelo afinamento do excesso de conexões entre neurônios, que são as sinapses, formadas no início da vida.
O funcionamento se torna menos eficiente. O cérebro age como uma criança que passeia pelo parque sem rumo definido, em vez de ir direto do ponto A ao ponto B.

Adolescência - Isso muda de forma abrupta a partir dos 9 anos, quando as conexões passam por um processo intenso de ganho de eficiência. "É uma mudança enorme", diz Mousley, ao descrever a alteração mais profunda entre as fases cerebrais.
É também o período de maior risco para o surgimento de transtornos mentais.
A adolescência começa perto da puberdade, mas as evidências indicam que termina muito mais tarde do que se supunha. Já se pensou que se limitava à juventude, até que a neurociência mostrou que avançava para os 20 e agora até o início dos 30.
Essa é a única fase em que a rede de neurônios fica mais eficiente.
Mousley afirma que isso reforça medidas de desempenho cerebral que apontam um pico no começo dos 30 anos, mas destaca ser "muito interessante" que o cérebro permaneça na mesma fase dos 9 aos 32.

Vida adulta - Depois vem um período de estabilidade para o cérebro, a fase mais longa, que dura três décadas.
As mudanças diminuem em comparação às transformações anteriores, mas é aqui que vemos a eficiência começar a cair.
Segundo Mousley, isso "se alinha com um platô de inteligência e personalidade" que muitos já observaram ou vivenciaram.

Envelhecimento inicial - Tem início aos 66 anos, mas não representa uma queda brusca. Ocorrem mudanças nos padrões de conexão.
O cérebro deixa de funcionar como um único conjunto integrado e passa a se dividir em regiões que trabalham de forma mais independente, como integrantes de uma banda que começam projetos solo.
Embora o estudo tenha analisado cérebros saudáveis, essa é também a idade em que surgem sinais de demência e hipertensão, que afetam a saúde cerebral.
Envelhecimento avançado - Aos 83 anos, começa a etapa final. Há menos dados sobre esse grupo, já que é mais difícil encontrar cérebros saudáveis para escaneamento. As mudanças seguem a lógica do envelhecimento inicial, mas de forma mais acentuada.
Mousley diz que o que mais a surpreendeu foi a "coerência entre as idades e marcos importantes", como puberdade, problemas de saúde mais comuns na velhice e até mudanças sociais marcantes no início dos 30, como a parentalidade.

'Um estudo muito interessante'
O estudo não analisou diferenças entre homens e mulheres, mas surgem questões como o impacto da menopausa.
Duncan Astle, professor de neuroinformática da Universidade de Cambridge, afirma: "Muitos transtornos do neurodesenvolvimento, de saúde mental e neurológicos estão ligados ao modo como o cérebro é conectado. Diferenças nessa conectividade influenciam atenção, linguagem, memória e vários tipos de comportamento."
Tara Spires-Jones, diretora do centro de ciências cerebrais da Universidade de Edimburgo (Reino Unido), diz: "É um estudo muito interessante que destaca o quanto nossos cérebros mudam ao longo da vida".
Spires-Jones afirma que os resultados "se encaixam bem" no entendimento atual sobre envelhecimento cerebral, mas adverte que "nem todos vão apresentar essas mudanças exatamente nas mesmas idades".
Fonte:https://www.bbc.com/portuguese/articles/c5yd3x34xggo
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