O cérebro e o computador
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Neste texto, fez-se uma reflexão sobre a visão que os autores Maturana/Varela e Morin têm sobre a relação cérebro/computador. Procurou-se descrever os pontos nos quais as considerações dos autores convergem.
Para Maturana/Varela, a metáfora do cérebro como um computador é equivocada, pois nesse caso seria necessário definir o sistema nervoso como um unidade que interage por meio de entradas e saídas. Os autores definem o cérebro como "[...] uma unidade definida por suas relações internas, nas quais as interações só atuam modulando sua dinâmica estrutural". Segundo Maturana/Varela, o sistema nervoso "[...] constrói um mundo, ao especificar quais configurações do meio são perturbações e que mudanças estas desencadeiam no organismo".
O funcionamento nervoso é um ponto claramente destacado no texto, e que foi chamado pelos autores de clausura operacional. Para Maturana/Varela, não é possível dicotomizar o funcionamento do cérebro como sendo ou representacionista ou solipsista. Para classificar o sistema nervoso como representacionista seria necessário admitir, por exemplo, que não é o seu estado estrutural que especifica quais as perturbações que são possíveis as interações com o meio. Da mesma forma, não é possível classificar o sistema nervoso como sendo solipsista, pois, para isso teria que se admitir, por exemplo, que mesmo o cérebro sendo parte de um organismo, ele não participa das interações com o meio, o que obviamente é um absurdo.
Morin discute em seu texto, as diferenças e semelhanças que são possíveis de se fazer ao comparar o cérebro humano com um computador. Ele inicia indicando que com a tecnologia atual não é possível construir uma máquina dotada de emoção; já a mente humana é "[...] inerente a um ser dotado de sensibilidade, de afetividade e de autoconsciência".
Para o autor, não é absurdo admitir que o computador, ao processar dados por meio de disjunção ou conjunção, possui uma inteligência, mesmo que definida como inteligência artificial. Ao contrário do computador, a mente/cérebro, não se limita à computação, mas interage essa ao pensamento.
Os computadores são definidos como sendo ou digitais ou analógicos. As máquinas digitais são caracterizadas por realizarem operações binárias; já as analógicas caracterizam-se por realizarem operações com infinitos valores em um intervalo definido. O cérebro humano, ao contrário, combina os processos analógicos e digitais, pois, "[...] é preciso associa-los para captar a originalidade do espírito humano".
A seguir, encontram-se na íntegra os textos sobre a relação "cérebro/computador".
O cérebro e o computador de acordo com Matura e Varela (2001, p. 188)
"[...]
É interessante notar que a c1ausura operacional do sistema nervoso nos diz que seu funcionamento não cai em nenhum dos extremos: nem o representacionista nem o solipsista.
O sistema nervoso não é solipsista porque, como parte do organismo, participa das interações deste com o seu meio, que nele desencadeia continuamente mudanças estruturais que modulam sua dinâmica de estados. De fato, é fundamentalmente por isso que nós, como observadores, temos a impressão de que as condutas animais são, em geral, adequadas às suas circunstâncias. Eles não se comportam como se estivessem seguindo sua própria determinação, independentemente do meio. Isso ocorre assim, embora para o. funcionamento do sistema nervoso não exista o fora nem o dentro, mas sim a manutenção de correlações próprias que estão em contínua mudança.
[...] O sistema nervoso também não é representacionista, porque em cada intera, é seu estado estrutural que especifica quais as perturbações que são possíveis, e que mudanças elas podem desencadear em sua dinâmica de estados. Seria um erro, portanto, definir o sistema nervoso como tendo entradas ou saídas, no sentido tradicional. Isso significaria que tais entradas e saídas tomariam parte na definição do sistema, como acontece com o computador e outras máquinas produzidas pela engenharia. Fazer isso é inteiramente razoável quando projetamos uma máquina na qual o principal é saber como queremos interagir com ela. Mas o sistema nervoso (ou organismo) não foi projetado por ninguém: é o resultado da deriva filogenética de unidades centradas em sua própria dinâmica de estados. Assim, o adequado é reconhece-lo como uma unidade definida por suas relações internas, nas quais as interações sé atuam modulando sua dinâmica estrutural, isto é, como uma unidade dotada, clausura operacional. Dito de outro modo: sistema nervoso não "capta informações" do meio, como freqüentemente se diz. Ao contrário, ele constrói um mundo, ao especificar quais configurações do meio são perturbações e que mudanças estas desencadeiam no organismo. A metáfora tão em voga do cérebro como um computador não só é ambígua como está francamente equivocada.
[...]"
O cérebro e o computador, segundo Morin (2001, p. 97-101)
"[...]
O computador foi comparado à mente/cérebro humano. Essa comparação revela as diferenças e as analogias.
O computador é o cérebro são duas máquinas, mas uma é produzida, fabricada, organizada pela mente humana, saída de uma máquina cerebral inerente a um ser dotado de sensibilidade, de afetividade e de autoconsciência. Nenhum espírito emerge do computador, mesmo numa cultura; já o cérebro tem a capacidade, pela mente, de reconhecer-se como máquina e mesmo de saber que é mais do que uma máquina.
Contudo, a despeito dessas diferenças radicais, o computador é capaz de realizar performances sobre-humanas de cálculo, operações lógicas, refutações, raciocínios por tentativa e erro, por retroação, por referência a casos. Ainda mais, como o cérebro humano, o computador compute[1] procedendo por disjunção e conjunção. Neste sentido, a palavra inteligência não é abusiva: há uma inteligência artificial. Mas a inteligência artificial limita-se à computação, enquanto a mente humana integra a computação cerebral na cogitação, ou seja, no pensamento.
O cérebro é uma máquina bio-químico-elétrica. Ao contrário do computador, a mente/cérebro trabalha num jogo combinando precisão e imprecisão, incerteza e rigor, e cruza rememoração, computação, cogitação. Como é extraordinariamente complexo, o espírito/cérebro trabalha com, por e contra o ruído[2], o que acarreta riscos enorme de erros, de ilusões, de loucura, mas também chances prodigiosas de invenção e de criação.
O cérebro diferencia-se dos computadores digitais, embora realize operações binárias, e dos computadores analógicos, embora crie e utilize analogias (diferentes, de resto, das utilizadas pelos computadores analógicos).
O espírito/cérebro combina, de modo permanente, os processos digitais e os processos analógicos. Essas duas qualidades parecem logicamente incompatíveis, da mesma forma que, para a partícula microfísica, a qualidade da onda e a qualidade do corpúsculo. Contudo é preciso associá-los para captar a originalidade do espírito humano.
O digital separa, divide, discerne, localiza, mede e desenvolve o campo do divisível, do que se pode discernir, do separável, de localizável, do mensurável. A analogia liga, associa, conecta, justapõe e desenvolve o campo das evocações, das sugestões, das reaproximações, das relações.
“A analogia, tomada no sentido amplo, junto com sua prima, a semelhança (ou a similaridade), é certamente o suporte de numerosas atividades cognitivas automáticas e não estou longe de pensar que se a de um dos determinantes fundamentais do funcionamento cognitivo”. O processo analógico realiza-se como ondas percorrendo os diversos campos da mente, transportando de um domínio para outro imagens, noções, modelos, conforme o sentido literal da palavra metáfora: carregar para além de. A metáfora dispõe de virtudes quase sempre desconhecidas: é um “indicador de uma não-linearidade, de uma abertura do texto ou do pensamento para diversas interpretações por ecoar nas idéias pessoais de um leitor ou de interlocutor”.
Um jogo combinado de metáforas pode trazer mais conhecimentos do que um cálculo ou uma denotação; assim, as metáforas de um enólogo, evocando o corpo, o frutado, o buquê, a perna, o nariz, o aveludado, e designando os aromas por analogias, descrevem de maneira, ao mesmo tempo, mais precisa, mais concreta e mais sensível as qualidades de um vinho que as análises moleculares e as proporções químicas. Antonio Machado dizia que “uma metáfora tem tanto valor cognitivo quanto um conceito e, às vezes, mais”. E Paul Ricoeur: “Tratada como atribuição bizarra, impertinente, a metáfora deixa de figurar como ornamento retórico ou de curiosidade lingüística para fornecer a ilustração mais explosiva do poder da linguagem de criar ido através de reaproximações inéditas”.
A analogia desenvolve-se em duas vias. Uma abstrata e racional, apareceu entre os antigos gregos para designar, numa análise de racionalidade, a igualdade de duas relações matemáticas. A segunda vai de semelhança em semelhança para estabelecer parentescos entidades. A multiplicação de situações ou de acontecimentos análogos conduz à indução, um modo de conhecimento animal, humano e científico. O estabelecimento de analogias organizacionais e funcionais, como o feed-back negativo, em entidades de natureza diferente (máquinas artificiais, seres vivos, sociedades), é incontestavelmente racional.
Nestes últimos casos, a analogia é controlada e não identifica com as outras as entidades de natureza diferente. Em contrapartida, no pensamento poético ou mitológico, a analogia estabelece, onde a lógica separa, ligações e identificações. O sol, por exemplo, é um carro que, surgindo no Oriente, termina sua corrida no céu chegando ao Ocidente. O mundo animal é visto em analogia com o mundo humano e reciprocamente. Os relâmpagos, a erupção de um vulcão, são a cólera de um deus. A correspondência especular do microcosmo (humano) e do macrocosmo exprime o alicerce analógico do pensamento mitológico.
As antigas analogias mitológicas não fazem mais parte das crenças contemporâneas, mas permanecem vivas em nossos afetos, em nossos estados de alma e em nossa poesia. Nossa linguagem está repleta de transferências analógicas de um domínio para outro, tornadas quase imperceptíveis (o nascer do sol, as raízes do mal, a ec1osão do amor). A compreensão de pessoa a pessoa faz-se por projeção de si no outro, identificação com o outro, num vivido analógico em que o outro ego alter, toma-se alterego. O próprio conhecimento científico, que na sua fase simplificadora quis e pensou ter expulsado a analogia, utilizou-a, contra sua própria vontade (a “seleção” natural, as “leis” da natureza). Como já mostramos, a racionalidade pratica a analogia mesmo submetendo-a a exames e verificações. É nos pensamentos poético e mitológico que a analogia atinge o apogeu...
Cabe acrescentar que a aptidão mimética, própria do espírito humano, toma-nos psiquicamente análogos ao que imitamos (rever capítulo 2), o que leva a uma espécie de possessão do imitador pelo imitado. Por isso, alguns atribuíram a xamãs, em estado de possessão mimética, o verismo cativante das pinturas de animais de grotas pré-históricas, como em Chauvet e Lascaux.
O digital separa o que é ligado; o analógico une o separado. A comp1ementaridade permanente assegura e fecunda o conhecimento. A mente humana, que trata o separável e o não-separável, pode discernir os limites de um conhecimento consagrado somente ao divisível e ao separável, reconhecer as incertezas de um conhecimento que só se mobiliza na analogia e tratar a complexidade, em que o separável e o inseparável são inseparáveis.
Há, da mesma forma, duas linguagens ligadas na linguagem; uma que denota, objetiva, calcula, baseia-se na lógica do terceiro excluído; outra que conota (evoca o halo de significações contextuais em tomo de cada palavra ou exposição), baseia-se na analogia, tende a exprimir afetividade e subjetividade. As duas linguagens formam um só em nossa linguagem cotidiana. Uma das riquezas extraordinárias da língua é que ela combina as linguagens e traduz assim a complexidade racional/afetiva do ser humano. Quando se pretende, sobretudo racional, o discurso desenvolve-se sob um forte controle empírico e lógico, tende a reduzir seus elementos analógicos a comparações, seus elementos simbólicos a signos ou convenções. Quando se pretende prático, o discurso deixa-se levar pela música das palavras, pelas assonâncias, as imagens (mas não exclui, de modo algum, o controle).
Primeira Linguagem
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Segunda Linguagem
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Dominância da disjunção Disjunção real/imaginário Convencionalizaçao das palavras Irrealização das imagens Reificação das coisas Isolamento e tratamentotécnico dos objetos Forte controle empírico exterior Forte controle lógico do analógicoPan-objetivismo | Dominância da conjunção Conjunção real/imaginário Reificação daspalavras Reificação das imagens Fluidez das coisas, possibilidade de metamorfoses Tratamento mágico dos objetos; relações analógicas entre objetos Forte controle do vivido interior Forte controle analógico do lógico Pan-subjetivismo |
Uma palavra pode ser apenas signo. O signo depende do modo instrumental de conhecimento; indica friamente a natureza do que designa. Pode não ser apenas signo, mas também símbolo. O símbolo evoca e, em certo sentido, contém a presença do que significa. É um concentrado de presença concreta e comporta uma relação de identidade com o que simboliza; pode ser pleno de afetividade, de amor, de ódio, de adoração, de execração. Assim, adora-se e venera-se a bandeira simbolizando a pátria; pisoteia-se ou queima-se a bandeira do inimigo, pisoteando ou queimando, num ato analógico, o próprio inimigo.
Os pensamentos mítico e mágico alimentam-se de símbolos, não apenas no sentido indicativo do termo, em que o símbolo identifica-se contém com o signo, mas no sentido quase mágico em que o símbolo contém a presença afetiva, mística, do que simboliza (a cruz). Existe um pensamento simbólico/mítico/mágico em todas as civilizações.
[...]"
Referências
MATURANA, Humberto R.; VARELA, Francisco J. A árvore do conhecimento: as bases biológicas da compreensão humana. Trad. Humberto Mariotti; Lia Diskn. 2ª ed. São Paulo: Palas Athena, 2001.
MORIN, Edgar. O método 5: a humanidade da humanidade. Trad. Juremir Machado da Silva. 2ª ed. Porto Alegre: Sulina, 2003.
[1] Do latim computatio, ação de calcular junto, com-parar, com-frontar, compreender. “A computação é uma atividade de caráter cognitivo, operando sobre signos e símbolos que separa e/ou liga; comporta uma instância informacional, uma instância simbólica, uma instância de memória e uma instância de programa” (Cf. Méthode 3, pp.36-51). A computação dos computadores pode exercer funções cognitivas como reconhecer formas, diagnosticar, raciocinar, elaborar estratégias combinando cálculo lógico é método heurístico (por exemplo, por tentativa e erro). Pode inclusive demonstrar teoremas ou fazer descobertas: As operações lógicas derivam de computações, que derivam, em retorno, das operações lógicas. Uma atividade computante é inerente não apenas à atividade cerebral, mas também à auto-organização viva, inclusive celular, mas dispõe de qualidades e de especificidades desconhecidas do computador. Assim, o unicelular é, de modo indiferenciado, ao mesmo tempo, um ser, um ente, uma máquina e um computador. Computa a sua própria organização, via os circuitos DNA-RNA-proteínas, transforma em informações estímulos externos e pratica um certo conhecimento do seu meio em função de regras e de princípios específicos. Mas se trata de um cômputo, computação egocêntrica que se realiza a partir de si, em função de si, para si e sobre si, comportando uma computação da sua própria computação. O cômputo, gerado e regenerado pela auto-organização do ser Vivo, gera-a e regenera-a, incessantemente, exercendo, ao mesmo tempo, a sua atividade cognitiva sobre o seu mundo exterior. A noção de cômputo permite conceber o fundamento bio-lógico do sujeito.
[2] Termo da teoria da comunicação. “Chama-se ruído qualquer perturbação aleatória que interfira numa comunicação de informações e, através disso, degrade a mensagem, tornando-se errada. O ruído é, logo, uma desordem que, desorganizando a mensagm, torna-se fonte de erros”.
por
Adriano Pasqualotti
Adriano Pasqualotti
Fonte:http://usuarios.upf.br/~pasqualotti/contemporaneos.htm
Cérebro humano x PC: como eles se comparam?
É comum compararmos o computador com o cérebro humano e vice-versa. E parece que essas analogias ficaram mais sérias depois de 1997, quando o computador IBM Deep Blue venceu o campeão mundial de xadrez Garry Kasparov em uma partida de seis jogos, sendo que três delas resultaram em empate.
Apesar de o computador ser uma invenção do cérebro, é indiscutível que, em certos contextos, a invenção superou o inventor. Hoje, PCs são capazes de fazer cálculos e de trabalhar para nós a uma velocidade assombrosa, sem queda de produtividade ou ameaça de tédio. Porém, ao mesmo tempo, esses “cérebros” não são tão potentes ou inteligentes como aqueles que carregamos em nossas caixas cranianas.
Por isso, preparamos uma comparação entre o computador e o cérebro humano, com dados que poderão dar uma noção melhor de como eles se parecem ou diferem um do outro e de quão longe estamos de construir máquinas tão complexas. Confira!
Parabéns! Você já tem uma CPU de 16,8 mil GHz
A velocidade de processamento do cérebro humano não pode ser medida da mesma forma como fazemos com as CPUs usadas em nossos computadores. Porém, é possível estimar esse valor com base no funcionamento da retina, o tecido nervoso do olho responsável, literalmente, pela visão que temos do mundo.
De acordo com o conhecimento atual da estrutura e funcionamento da retina humana, cientistas estabeleceram que ela é capaz de processar o equivalente a 10 imagens de 1 milhão de pontos por segundo. E ao comparar o volume dessa parte do olho com o do cérebro humano, pesquisadores chegaram à conclusão de que o cérebro possui 100 milhões de MIPS (Milhões de Instruções Computacionais por Segundo).
Mas o que isso significa na prática? Bem, para ter uma ideia do tamanho da capacidade de processamento do cérebro, basta lembrar que o Deep Blue, computador da IBM citado anteriormente, possuía apenas 3 milhões de MIPS. E, de acordo com o artigo de Hans Moravec, uma CPU Pentium de 700 MHz era capaz de executar 4,2 mil MIPS. Sendo assim, seriam necessárias 24 mil unidades dessa CPU para chegar aos 100 milhões de MIPS do cérebro humano, o que equivaleria a um clock conjunto de 16,8 milhões MHz ou 16,8 mil GHz.
E que tal uma comparação mais atual? O processador Intel Core i7 Extreme Edition 3960X, por exemplo, possui 177.730 MIPS e opera com clock de 3,33 GHz. Dessa forma, precisaríamos de 564 CPUs dessas para alcançar a velocidade do cérebro.
É claro que, apesar de essas serem informações curiosas, não se pode, simplesmente, comparar o cérebro humano com um processador. É fácil perceber que a “arquitetura” do nosso órgão é muito mais complexa do que a de uma CPU e que ele trata as tarefas de forma diferente, como se tivesse milhares de núcleos à sua disposição.
Armazenamento: 100 milhões de megabytes
HDs de 3 TB não são nada comparados aos 2,5 petabytes do cérebro humano (Fonte da imagem: Wikimedia Commons)
Nos PCs de hoje é comum encontrarmos discos rígidos com capacidade de armazenar 300 ou 500 GB de dados. Porém, aqueles que costumam baixar muito conteúdo da internet acabam apelando para unidades externas com 1 TB de espaço em disco, sendo que modelos de até 3 TB já foram lançados.
Mas qual seria o espaço disponível para o armazenamento de informações em nosso cérebro? Afinal, se passamos anos de nossas vidas aprendendo coisas novas na escola e no dia a dia, será que a nossa “memória interna” nunca se esgota?
De acordo com Robert Birge, da Universidade de Siracusa, o cérebro humano é capaz de guardar de 1 a 10 TB de informações, sendo que 3 TB seria a média mais comum. Essa estimativa foi realizada em 1996 e usou como base a contagem de neurônios, assumindo que cada um deles fosse capaz de armazenar 1 bit.
Desde então, mais de uma década de estudos se passou e a resposta mudou. De acordo com a resposta do professor de psicologia Paul Reber para a revista Scientific American, apesar de o nosso cérebro possuir, provavelmente, um limite de armazenamento, ele é grande o suficiente para não termos que nos preocupar com ele.
O cérebro humano possui cerca de 1 bilhão de neurônios. Cada um desses neurônios forma, pelo menos, mil conexões com outros neurônios, totalizando mais de 1 trilhão de conexões. Se cada um desses neurônios pudesse armazenar apenas uma memória ou informação, teríamos problema de “espaço em disco”. Mas como os neurônios se combinam, cada um pode armazenar muitos dados ao mesmo tempo, aumentando a capacidade de armazenamento do cérebro humano para cerca de 2,5 petabytes (1 milhão de gigabytes).
Isso significa que, se o seu cérebro fosse capaz de gravar programas de TV, por exemplo, ele poderia armazenar 3 milhões de horas de vídeos, e a televisão teria que ficar ligada, ininterruptamente, por 300 anos para encher todo o espaço livre. Parece o suficiente, não?
O computador é burro, mas trabalha bem
O computador não é nada inteligente. Por mais veloz que seja, ele está limitado a executar apenas a tarefa para a qual foi programado. Essa, porém, é uma daquelas desvantagens que também têm o seu lado bom.
Ao mesmo tempo em que está limitada ao algoritmo que deve ser executado, a máquina pode realizar a mesma tarefas por horas a fio e a uma velocidade constante, sem que se chateie ou entre em questionamentos filosóficos sobre a vida, o universo e tudo o mais.
Cooler do tamanho de uma cidade
A entrada e a saída de um microprocessador precisam ser multiplexadas. Isso significa que a CPU deve ser capaz de receber dados de diversos canais e processá-los simultaneamente. Dessa forma, o computador é capaz de dividir o seu tempo com os inúmeros dispositivos anexados a ele, como câmera, cartão de memória, alto-falantes e impressora.
Fonte da imagem: Reprodução/NVIDIA Power of Future
Se o cérebro humano funcionasse dessa forma, você poderia fazer apenas uma tarefa por vez: teria que olhar para uma paisagem e só depois pensar sobre ela, por exemplo. Mas felizmente o cérebro funciona de maneira semelhante à computação paralela, sendo que os neurônios fazem o papel de microprocessadores que trabalham em conjunto. E diferentemente de um sistema computacional comum, o cérebro possui um baixo consumo de energia e dispensa sistemas de refrigeração.
De acordo com o livro The Human Mind, se fosse possível construir um computador tão complexo como o cérebro humano, seria necessário construir uma usina elétrica exclusiva e capaz de fornecer megawatts de energia. Além disso, a máquina exigiria que o dissipador de calor fosse do tamanho de uma cidade.
...
Com base nas comparações acima é possível perceber que estamos longe de desenvolver computadores que cheguem perto do poder do cérebro humano. Entretanto, isso ainda não é motivo para desanimar. Afinal, pode ser que com os avanços da nanotecnologia, inteligência artificial e dos computadores com DNA os pesquisadores possam quebrar barreiras do modelo computacional atual. E pode ter certeza que, quando isso acontecer, o Tecmundo estará pronto para noticiar!
Fonte:http://www.tecmundo.com.br/ciencia/16846-cerebro-humano-x-pc-como-eles-se-comparam-.htm
Cérebro: projeto, cujas primeiras fases estão previstas para durar cerca de uma década, deve custar cerca de 1,6 bilhão de dólares
Computador mais rápido do mundo será como o cérebro humano
Objetivo do projeto é que o computador seja mil vezes mais rápido do que as máquinas usadas atualmente
O cérebro humano é a máquina mais complexa que existe. Este fator torna quase natural que a tecnologia queira replicar seus poderes. Uma equipe de cientistas trabalha, a partir de agora, na criação de um computador que irá funcionar como o cérebro humano.
O Human Brain Project (Projeto Cérebro Humano, em tradução livre) foi anunciado na segunda-feira (7) durante uma conferência na Suíça. São mais de 135 instituições depesquisas e entidades governamentais envolvidas na criação do computador.
Atualmente, o hardware dentro de um computador atinge a velocidade de um quatrilhão de operações por segundo de desempenho. Mas Henry Markram, diretor do projeto, tem metas ainda maiores. O objetivo do projeto é que o computador seja mil vezes mais rápido do que as máquinas usadas atualmente.
Segundo o Mashabe, o projeto será longo e deve custar cerca de 1,6 bilhão de dólares. As primeiras fases estão previstas para durar cerca de uma década. Durante esse período, os pesquisadores tentarão compreender melhor todas as funções do cérebro humano. Em seguida, esperam compreender como o ser humano aprende, pensa, vê e escuta.
O objetivo primordial do projeto é juntar o conhecimento crescente do cérebro humano. Segundo o site do projeto, simular o cérebro humano fornece informações sobre o seu funcionamento interno e sobre a origem dos pensamentos e emoções. As implicações vão além da tecnologia e podem atingir a área da medicina.
Para saber mais, visite o site do projeto (em inglês) ou veja o vídeo abaixo:
IBM apresenta chip que pode imitar o cérebro humano
SyNAPSE é capaz de simular 46 bilhões de operações por segundo.
Ele permitiria a criação de aparelhos ainda menores e mais inteligentes.
Imagem conceitual mostra processador da IBM que imita o cérebro humano (Foto: Divulgação/IBM Research)
A IBM apresentou nesta quinta-feira (7) um chip de computador que pode ser capaz de imitar o cérebro humano, permitindo a criação de dispositivos menores, que esquentam menos, que consomem menos energia que poderão compreender melhor o que o usuário deseja. Chamado de SyNAPSE, abreviação de Systems of Neuromorphic Adaptive Plastic Scalable Electronics, o processador foi feito em parceria com a Cornell Tech e a iniLabs e ainda não tem data para aparecer em computadores e smartphones.
De acordo com os criadores, o processador é capaz de simular 1 milhão de neurônios programáveis, 256 milhões de sinapses programáveis e 46 bilhões de operações sinápticas por segundo, por watt. Com essas características ele seria capaz de simular um cérebro humano, solucionando problemas baseados em hipóteses, experiências passadas e erros, como uma pessoa de verdade.
"Esses chips inspirados pelo cérebro humano podem transformar a mobilidade por meio de aplicações com sensações e inteligência em aparelhos que podem caber na palma da sua mão se a necessidade de uma rede Wi-Fi", afirma o Dr. Dharmendra S. Modha, cientista-chefe da área de computação inspirada no cérebro da IBM.
Algumas aplicações futuras do chip já são previstas. Uma delas são sensores no formato de folhas, abastecidos pela luz solar, que podem ser colocados em florestas e enviar dados e alertas sobre queimadas. Outro exemplo são óculos especiais que poderiam guiar deficientes visuais sem a necessidade de estarem conectados na internet.
O processador foi apresentado pela primeira vez em 2011. A versão atual tem o tamanho de um selo postal e consome pouquíssima energia.
Fonte:http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2014/08/ibm-apresenta-chip-que-pode-imitar-o-cerebro-humano.html
Copiar cérebro para computador permitiria vida após a morte, diz Hawking
O desejo de perpetuar a vida para além da morte faz parte do imaginário do físico inglês Stephen Hawking, uma das mentes mais respeitadas da ciência. Segundo ele, tudo o que nossos cérebros armazenaram durante a vida poderia ser copiado para o disco-rígido de um computador, de forma a garantir que nossos pensamentos e ideias pudessem ser acessados por outros mesmo após a nossa morte.
"Eu acredito que o cérebro é um programa dentro da mente, que funciona da mesma forma que um computador. Portanto, teoricamente seria possível fazer uma cópia do cérebro para um computador e permitir vida mesmo depois da morte", disse Hawking à imprensa durante visita a um festival de cinema inglês.
Ele adicionou que tal façanha ainda está "além de nossas capacidades", mas que a ideia convencional de vida após a morte nada mais é do que um "conto de fadas para quem tem medo de escuro". As informações são do jornal inglês The Telegraph.
Google investe na ideia
O conceito de perpetuar a vida humana através das máquinas não povoa apenas o imaginário do físico: o bilionário russo Dmitry Itskov fundou em 2011 uma ONG com o objetivo de estudar a robótica para estender a vida humana, e um grupo de cientistas intitulado Brain Preservation Foundation trabalha no desenvolvimento de uma técnica que permita a conservação do cérebro e de suas memórias, emoções e consciência.
Já o gigante da internet Google lançou recentemente um braço de pesquisas chamado Calico, cujo objetivo também é estender a vida por meio do emprego da tecnologia —a empreitada do CEO do Google, Larry Page, é inclusive tema de reportagem de capa da revista Time nesta semana nos Estados Unidos.
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